Matrículas Abertas

Matrículas Abertas
PÓS-GRADUAÇÃO: EDUCAÇÃO NA CULTURA DIGITAL

Pós-graduandos: Antônio Bernardi, Carla Maria Bertoluci, Lisandra Inês Herpich, Raphael Allonso Pereira da Costa e Valdecir Rogério Rautenberg

Ampliando nossos repertórios sobre experiências de aprendizagem em rede

Uma experiência de prática pedagógica do repertório comum ao grupo de formação da EEB Luiz Delfino, que foi inspiradora pelo modo inovador como integraram as TDIC em rede e impactaram a vida dos seus participantes foi a atividade Jornal Falado, realizado no 7º ano 1 do Ensino Fundamental.
O trabalho foi realizado durante seis aulas de Língua Portuguesa, utilizando os recursos tecnológicos da escola e pessoais dos alunos em diferentes ambientes, como Sala Informatizada, Biblioteca, sala de aula e em encontros na casa dos integrantes do grupo para planejamento, desenvolvimento e finalização da atividade.
Escolhemos essa experiência por envolver diferentes gêneros do discurso, o trabalho com múltiplas linguagens, diferentes tecnologias e mídias, e ainda, por instigar a criatividade, o protagonismo, a interação entre os alunos da turma e também entre alunos e professor.
O Jornal Falado foi realizado pelos alunos do 7º ano 1, os quais fizeram grupos de 4 a 6 componentes por afinidades. Essa dinâmica incentivou a leitura de informação prévia, em jornal impresso, revistas, e, além disso, instigou o aluno a assistir os jornais televisivos.
Visou, também, valorizar a participação dos alunos; conduzir os alunos a se expressarem oralmente; estabelecer relações no trabalho cooperativo; desenvolver a expressão oral, o raciocínio e socialização; possibilitar o uso das tecnologias como apoio à realização do Jornal Falado; diferenciar o texto jornalístico de outros gêneros textuais; identificar a estrutura de um texto jornalístico; fazer uso da criticidade na produção textual.
            A formação do leitor é um processo contínuo, pode ser uma maior realização pessoal e até mesmo econômica. Cabe ressaltar que
o jornal é um recurso valioso para ser incorporado à sala de aula com o fim de contribuir para a formação de leitores que tenham consciência crítica do que ocorre na sociedade, mas essa criticidade depende de como se dá a utilização do jornal na sala de aula. (GONÇALVES, 2004, p. 244)

Para a produção deste trabalho, a professora Carla utilizou seis aulas no final do mês de outubro de 2014:
- 1ª aula: roteiro explicativo da atividade Jornal Falado, objetivos a serem atingidos e método avaliativo; lista dos tópicos a serem explorados, como, por exemplo, culinária, esportes, economia, conhecimentos científicos, entrevista com famoso(a); organização dos grupos e trabalhos subsequentes.
- 2ª e 3ª aulas: pesquisa na sala informatizada e registro dos assuntos para montagem do jornal; esclarecimento de dúvidas.
- 5ª aula: escolha do nome do jornal e da música de abertura e encerramento do mesmo, mediante utilização do celular; organização dos registros; esclarecimento de dúvidas e ensaio.
- 6ª aula: ensaio; planejamento das filmagens, não sendo uma obrigatoriedade, podendo o aluno apresentar ao vivo, na sala de aula ou em outro local da escola previamente acordado e reservado pela professora.
            Convém ressaltar que os grupos foram separados durante os ensaios, para terem liberdade de expressão, na biblioteca, sala de aula e no palco do pátio. A partir daí foi dado um prazo de uma semana para os vídeos serem editados e posteriormente apresentados em sala, conforme cronograma feito com auxílio da professora.
            Os alunos puderam consultar, no decorrer desta semana, o professor de Informática, Marcio, quando surgiam dúvidas referentes à gravação dos vídeos e como editá-los, sendo liberados gradualmente por equipe para estarem com ele durante a aula de Língua Portuguesa.
            Os vídeos do Jornal Falado foram apresentados em sala de aula onde se fez uso do datashow para tal. Convém ressaltar que os alunos de cada equipe puderam manusear o equipamento, com acompanhamento da professora, para terem autonomia durante a apresentação. Inclusive, muitos aprenderam como ligar e utilizar o mesmo, visto que nunca o haviam feito.
Após encerradas todas as apresentações, totalizando três aulas, fizeram uma avaliação escrita do trabalho realizado por eles, incluindo aspectos relevantes, momentos especiais e pontos a serem melhorados.
            Foi uma experiência muito agradável e válida para todos, houve momentos de descontração e maior aproximação entre alunos e a professora. Além disso, os alunos puderam utilizar os recursos digitais para produzir múltiplas linguagens, integrando som, escrita, foto, animação, entre outras, bem como para socializar e compartilhar os resultados dessa experiência.
Por ocasião do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), foi reafirmado o compromisso de, enquanto professores de Língua Portuguesa, levar o aluno a utilizar a leitura como uma prática social que pode transformar a sua realidade, contribuindo para torná-lo agente de sua história. “Quando o jornal é usado como janela para o aluno conhecer e discutir a realidade, podemos ter esperança de estarmos preparando cidadãos pensantes e participativos” (COSTA, 1997, p. 9).
O professor é responsável pela formação da cidadania e deve sempre buscar a melhor forma de repassar determinados conceitos aos seus alunos. Existem inúmeros materiais que podem ser usados com essa finalidade e o jornal é considerado como um deles, pois é extremamente positivo ao ser utilizado pelos educadores, porém de forma planejada, com objetivos a alcançar bem delineados e orientações claras aos alunos.
Segundo Coscarelli (2010, p. 513),
filmes, animações e sons eram coisas que não faziam parte dos nossos textos; eram coisas para a gente ver na televisão ou no cinema, e era impensável que isso pudesse ser feito por nós ou que coubesse ao professor o papel de nos ensinar a lidar com isso. 

No contexto da cultura digital, a escola cada vez mais pode aproveitar as potencialidades das TDIC para fortalecer um trabalho crítico e criativo. Assim, uma sugestão do grupo para o próximo ano letivo, para favorecer uma cultura mais colaborativa, compartilhada e coletiva na escola, é a ampliação da atividade do Jornal Falado para as outras turmas e trabalhado de forma interdisciplinar, no qual cada disciplina contribua com tópicos/quadros a serem explorados, como, por exemplo, esportes, economia, artes, conhecimentos científicos, língua estrangeira, entre outros.

REFERÊNCIAS:
COSCARELLI, Carla Viana. A cultura escrita na sala de aula (em tempos digitais). In: MARINHO, Marildes; CARVALHO, Gilcinei T. (Org.). Cultura escrita e letramento. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, p. 513 – 526.

COSTA, Sílvia. Jornal na educação: considerações pedagógicas e operacionais. Santos: s.c.p.,1997.

GONÇALVES, Lidia Maria. Do ledor ao leitor: um estudo de caso sobre as insuficiências do jornal em sala de aula no ensino fundamental. Tese